Neuromodulação na Doença de Parkinson: conheça os benefícios para a Reabilitação Fonoaudiológica na deglutição e na fala

Melhora do bem-estar com a neuromodulação na pessoa com Parkinson.

A Neuromodulação na Doença de Parkinson tem sido cada vez mais aplicada como uma estratégia complementar no controle de sintomas motores, especialmente em casos de resposta limitada aos medicamentos.

Além de ajudar na mobilidade geral, essa abordagem tem apresentado resultados positivos por seus efeitos na musculatura responsável pela deglutição, com potencial de melhora em sintomas como a Disfagia.

A neuromodulação atua em regiões específicas do cérebro, com o objetivo de modular os circuitos neurais que influenciam movimentos como tremores, rigidez e lentidão.

Existem técnicas invasivas e não invasivas, como a estimulação cerebral profunda (DBS), a TMS e a tDCS — todas com aplicações em contextos específicos, a depender da avaliação clínica detalhada e multidisciplinar, que inclui o olhar fonoaudiológico.

Neste texto, você vai entender como a neuromodulação funciona, em quais casos ela é indicada e de que forma pode se integrar ao cuidado de pessoas com Doença de Parkinson, com ênfase na segurança alimentar e na prevenção de complicações como a aspiração.

Boa leitura!

O que é Neuromodulação na Doença de Parkinson e como ela funciona?

A neuromodulação é uma abordagem terapêutica que utiliza estímulos elétricos ou magnéticos para modular a atividade dos neurônios em áreas específicas do cérebro. Esses estímulos podem ser aplicados por meio de técnicas invasivas e não invasivas.

A Neuromodulação na Doença de Parkinson busca restaurar o equilíbrio dos circuitos cerebrais responsáveis pelo controle de movimentos corporais e funções motoras refinadas. Isso inclui não apenas os movimentos dos membros, mas também a musculatura orofacial e laríngea, que desempenham papel fundamental na fala e, principalmente, na deglutição.

Indica-se a neuromodulação como complemento a outras abordagens terapêuticas, como o tratamento medicamentoso e a reabilitação fonoaudiológica, compondo uma estratégia integrada de cuidado ao idoso com Doença de Parkinson.


Leitura relacionada: Tratamento da disfagia com Neuromodulação: como a ETCC pode acelerar a reabilitação da deglutição


Como funciona a neuromodulação?

Ela utiliza diferentes métodos para estimular regiões específicas do cérebro. Os principais são:

  • A estimulação cerebral profunda (DBS), que é uma técnica invasiva que exige um procedimento cirúrgico e
  • As técnicas não invasivas, como a TMS (estimulação magnética transcraniana) e a tDCS (estimulação por corrente contínua), que aplicam estímulos externos com segurança e sem dor.

Esses estímulos atuam diretamente sobre os circuitos cerebrais alterados pela Doença de Parkinson. O objetivo é modular esses sinais, compensando os efeitos da redução de dopamina, substância fundamental para regular os comandos motores do corpo, incluindo aqueles relacionados à deglutição.

Os benefícios podem incluir redução de tremores, rigidez e lentidão dos movimentos. Essas melhorias motoras impactam diretamente a musculatura envolvida na fala e, principalmente, na deglutição, além de favorecerem os movimentos dos braços e das pernas.

Reduzir a rigidez e melhorar a coordenação muscular são fatores importantes para tornar a alimentação mais segura, diminuindo o risco de engasgos e broncoaspiração.

Cada técnica tem suas características específicas, e a escolha depende da intensidade dos sintomas, da condição geral de saúde e do acesso aos recursos disponíveis.

Quando indicar neuromodulação para Parkinson?

Recomendação da neuromodulação em pessoas com Parkinson.
A neuromodulação é recomendada para pacientes com Parkinson quando os medicamentos não controlam os sintomas ou provocam efeitos colaterais.

Quando os medicamentos deixam de controlar adequadamente os sintomas motores da Doença de Parkinson, uma das opções consideradas em fases mais avançadas é a neuromodulação invasiva, conhecida como Estimulação Cerebral Profunda (DBS).

Esse procedimento envolve intervenção cirúrgica e é realizado exclusivamente por equipes médicas especializadas, sem atuação direta do fonoaudiólogo.

Por outro lado, a neuromodulação não invasiva, como a TMS e a tDCS, pode ser indicada em diferentes fases da doença, inclusive nas iniciais. Seu principal objetivo é complementar as terapias convencionais, ajudando a desacelerar a perda das funções motoras e de deglutição ao longo da evolução da doença.

Nessas modalidades, o fonoaudiólogo habilitado pode realizar a aplicação dos estímulos como parte do plano de reabilitação fonoaudiológica, especialmente nos casos com risco de Disfagia.

A decisão de indicar a neuromodulação não invasiva leva em conta fatores como idade, estado de saúde geral e as expectativas quanto à qualidade de vida.

Fonoaudiólogos, neurologistas e outros profissionais formam a equipe que avalia cada caso, considerando os riscos, benefícios e o melhor momento para iniciar o tratamento.

Quais são os benefícios da neuromodulação em pessoas com Parkinson?

A neuromodulação pode beneficiar pessoas com Doença de Parkinson ao aliviar sintomas motores, melhorar a fala e a segurança na deglutição, facilitar atividades do dia a dia e contribuir para o bem-estar emocional.

Esses efeitos impactam tanto o funcionamento do corpo quanto a qualidade de vida social, mental e afetiva.

Melhora dos sintomas motores e da rotina funcional

Com técnicas não invasivas, com raros efeitos colaterais e que podem ser realizadas no consultório, como a estimulação magnética transcraniana (TMS) e a estimulação por corrente contínua (tDCS), a neuromodulação pode ajudar a controlar sintomas como tremores, rigidez e lentidão dos movimentos. Essas alterações motoras não afetam apenas os membros, mas também comprometem a força e a coordenação da musculatura responsável pela deglutição e proteção das vias respiratórias.

Muitas pessoas relatam que, durante o tratamento fonoaudiológico associado à Neuromodulação, atividades como mastigar, movimentar a língua e engolir com segurança ficam menos cansativas. Essa melhora na força e na coordenação muscular ajuda a reduzir o risco de aspiração e facilita a alimentação no dia a dia.


Saiba também: Aspiração Silente em pessoas idosas: o risco invisível que ameaça a segurança alimentar na terceira idade


Além disso, a neuromodulação é considerada um procedimento seguro, indolor e não cirúrgico. Pode ser utilizada de forma complementar aos medicamentos, potencializando seus efeitos.

Estudos apontam melhorias significativas na função motora e até na redução da fadiga. Também foram observados avanços na independência para as tarefas cotidianas, como alimentar-se ou vestir-se sem ajuda — atividades que exigem, inclusive, uma boa função de deglutição e controle da musculatura orofacial.

Controle sintomas como tremores, rigidez e lentidão dos movimentos.
A neuromodulação com TMS e tDCS melhora sintomas motores, aumenta a mobilidade e a autonomia, sendo segura e complementar ao uso de medicamentos.

Impactos emocionais e sociais positivos

Além dos ganhos motores, a neuromodulação também pode impactar positivamente aspectos emocionais, como a autoconfiança e o humor.

Idosos atendidos costumam relatar que, ao conseguirem se alimentar com menos esforço e mais segurança, se sentem menos ansiosos e mais motivados no dia a dia.

A participação em grupos, atividades sociais e momentos de lazer também tende a aumentar, especialmente porque a melhora na deglutição diminui o medo de engasgos durante as refeições. Com a redução da fadiga e possíveis ganhos cognitivos, o convívio com a família e os amigos se torna mais leve e menos desgastante.

Essas mudanças alcançadas com a neuromodulação têm despertado em muitos idosos mais esperança e ânimo para lidar com os desafios da Doença de Parkinson.

A importância da reabilitação fonoaudiológica com neuromodulação na Doença de Parkinson

A reabilitação fonoaudiológica contribui para melhorar a fala e a deglutição em pessoas com Doença de Parkinson. Quando associada à neuromodulação, essa abordagem integrada pode potencializar os resultados nessas duas áreas.

Como a fonoaudiologia atua em conjunto com a neuromodulação

O fonoaudiólogo atua com exercícios específicos para melhorar a articulação, a voz e a deglutição. Já a neuromodulação, por meio de métodos como TMS (estimulação magnética transcraniana) ou tDCS (estimulação por corrente contínua), estimula áreas específicas do cérebro para favorecer esses ganhos.

Essa integração pode contribuir para reorganizar redes neurais envolvidas na comunicação oral, tornando a fala mais clara e a deglutição mais eficiente. Pessoas idosas, em especial, costumam perceber avanços na nitidez da fala e na proteção das vias respiratórias durante a alimentação, com redução dos riscos de engasgos e broncoaspirações.

O uso combinado dessas técnicas é aplicado em quadros como a Doença de Parkinson e afasias pós-AVC, promovendo uma reabilitação mais eficiente.

Promova uma reabilitação mais eficiente.
A fonoaudiologia aliada à neuromodulação potencializa a reabilitação da fala, voz e deglutição em idosos com Parkinson ou afasias pós-AVC, tornando o tratamento mais eficaz e seguro.

Principais benefícios da integração:

  • Maior eficácia na melhora da voz e articulação;
  • Redução do risco de aspiração e
  • Ganhos mais rápidos e duradouros na reabilitação.

Estudos apontam que a estimulação por corrente contínua (tDCS) tem mostrado bons resultados na reabilitação da deglutição em pessoas idosas com Parkinson.

O que considerar antes de iniciar o tratamento com neuromodulação?

Decidir iniciar a neuromodulação na Doença de Parkinson exige uma análise cuidadosa do quadro clínico, das possíveis contraindicações e da preparação da pessoa e de sua família. A segurança e o sucesso do tratamento dependem diretamente desses fatores.

Aspectos clínicos e contraindicações

Antes de iniciar o tratamento com neuromodulação, a pessoa precisa passar por uma avaliação médica completa. Essa etapa inclui a análise do histórico clínico, dos medicamentos em uso e a realização de exames que ajudem a entender a intensidade e a frequência dos sintomas, como tremores e rigidez muscular.

Algumas condições podem contraindicar o uso da neuromodulação:

  • Presença de marcapasso ou outros dispositivos eletrônicos implantados;
  • Infecções ativas na região onde o implante seria colocado e
  • Doenças psiquiátricas graves sem controle adequado.

O profissional responsável irá ponderar os riscos e benefícios para cada caso. Pessoas com doenças de progressão muito rápida, dificuldade severa de locomoção ou expectativa de vida reduzida devem passar por uma avaliação ainda mais criteriosa.

Preparação da pessoa idosa e da família

A participação da família em todas as etapas é essencial.
A preparação mental e emocional da pessoa idosa para a neuromodulação, junto ao apoio familiar, é essencial para reduzir a ansiedade, monitorar sintomas e garantir o sucesso do tratamento.

A preparação emocional faz diferença. A pessoa idosa precisa entender o que é a neuromodulação.

Também é essencial saber como será o procedimento e conhecer os possíveis efeitos colaterais. Nem sempre é fácil lidar com essas informações, mas conversar sobre o assunto ajuda bastante nesse processo.

A participação da família em todas as etapas é muito importante — desde as primeiras consultas até o acompanhamento após o início do tratamento. Ter uma comunicação clara sobre expectativas e rotina contribui para reduzir dúvidas e ansiedade.

Montar uma lista simples pode ajudar na organização:

  • Quem vai acompanhar a pessoa nas consultas?
  • Como fazer o acompanhamento diário dos sintomas?
  • Quem avisar se surgir alguma reação adversa?

O apoio familiar tem um papel importante no sucesso do tratamento. Ele traz mais segurança à pessoa e torna a rotina menos sobrecarregada.

Famílias bem orientadas costumam agir com mais agilidade diante de imprevistos e colaboram para que o plano terapêutico seja mantido — mesmo quando surgem desafios.

Foto dos Post do Blog da Flávia Augusta Fonoaudióloga

Flávia Augusta

Fonoaudióloga

Especialista em atendimentos fonoaudiológicos para idosos
relacionados à alimentação e comunicação.

Posts mais recentes

Deixe um comentário