Fonoaudiologia e fisioterapia, quando combinadas, oferecem um tratamento abrangente para uma ampla gama de condições enfrentadas por idosos — incluindo complicações de AVC, doenças neurodegenerativas (como Parkinson e Alzheimer), bem como desafios de mobilidade e comunicação pós-cirúrgicos.
A integração dessas especialidades é fundamental: enquanto a fonoaudiologia concentra-se em melhorar a comunicação e a deglutição, a fisioterapia tem o objetivo de restaurar a força, o equilíbrio e a funcionalidade física, criando um plano de cuidado completo que aborda tanto as necessidades físicas quanto comunicativas dos pacientes.
Este artigo, por meio de exemplos práticos, destaca como a colaboração entre fonoaudiólogos e fisioterapeutas impacta positivamente a reabilitação e a qualidade de vida dos idosos.
Com essas informações, esperamos que familiares e cuidadores se sintam mais aptos a tomar decisões informadas sobre o cuidado de seus entes queridos.
Fonoaudiologia e fisioterapia na reabilitação pós-AVC
É comum a recomendação de que indivíduos que sofreram um Acidente Vascular Cerebral (AVC) busquem o suporte na fonoaudiologia e fisioterapia.
Esta orientação baseia-se no fato de que o AVC pode causar uma variedade de complicações, afetando desde a capacidade motora até funções mais complexas como a deglutição (o processo de engolir), a fala e outras habilidades cognitivas, tais como memória e atenção.
A colaboração entre esses profissionais pode maximizar a recuperação do indivíduo, abordando os múltiplos desafios que ele enfrenta.
Como o fonoaudiólogo auxilia na recuperação pós-AVC
Reabilitação da fala
Muitos pacientes com AVC enfrentam dificuldades na fala (disartria) ou na linguagem (afasia).
Nessas circunstâncias, o fonoaudiólogo se empenha em restaurar a capacidade de comunicação do paciente, empregando técnicas focadas em melhorar a articulação, compreensão e expressão.
Além disso, para pacientes que necessitam, o profissional introduz o uso de tecnologias assistivas — como aplicativos de comunicação alternativa — que facilitam a expressão e interação social.
Gestão de problemas de deglutição
Complicações no ato de engolir (disfagia) representam desafios significativos após um AVC, elevando os riscos de desnutrição, desidratação e pneumonia por aspiração.
O tratamento pelo fonoaudiólogo começa com uma avaliação minuciosa da função de deglutição, seguida pela implementação de estratégias que visam garantir que a ingestão de líquidos e alimentos seja realizada de maneira segura.
Tais estratégias podem incluir ajustes na consistência dos alimentos, orientações sobre posições mais seguras para engolir e exercícios específicos para fortalecer a musculatura envolvida na deglutição.
Saiba mais: Guia completo para entender a disfagia pós-AVC.
Como o fisioterapeuta auxilia no processo de recuperação pós-AVC
Recuperação da mobilidade e força
Após um AVC, muitos pacientes experimentam paralisia ou fraqueza em um lado do corpo (hemiparesia).
O fisioterapeuta trabalha para melhorar a força, coordenação e equilíbrio, visando recuperar o máximo possível da capacidade motora do paciente.
Para tanto, o profissional se utiliza de recursos como exercícios de fortalecimento muscular, treinamento de marcha e técnicas de estimulação neuromuscular, como a eletroterapia.
Prevenção de complicações secundárias
A fisioterapia ajuda a prevenir complicações como a rigidez articular (contraturas), dor e trombose venosa profunda, utilizando exercícios que mantêm as articulações flexíveis e melhoram a circulação sanguínea.
Promoção da independência
Ao melhorar a mobilidade e promover estratégias adaptativas, o fisioterapeuta contribui significativamente para a autonomia do paciente, permitindo que ele possa realizar atividades cotidianas — como se vestir, usar o banheiro e preparar refeições simples — com a maior independência possível.
Veja também: Envelhecimento saudável: a importância da autonomia na terceira idade.
Fonoaudiologia e fisioterapia no tratamento de doenças neurodegenerativas
Doenças neurodegenerativas — como Alzheimer e Parkinson — podem comprometer a qualidade de vida do paciente, interferindo, dentre outros aspectos, em sua capacidade de comunicação e mobilidade.
Tanto a fonoaudiologia quanto a fisioterapia oferecem abordagens específicas para enfrentar essas condições, contribuindo no gerenciamento dos sintomas e na promoção de uma maior independência e bem-estar.
Contribuição do fonoaudiólogo
O fonoaudiólogo atua diretamente na manutenção e no aprimoramento da comunicação e deglutição — funções que comumente são afetadas por doenças neurodegenerativas.
Para isso, são desenvolvidas estratégias personalizadas, que visam melhorar a clareza da fala, a compreensão e a expressão linguística do paciente.
O acompanhamento fonoaudiológico é igualmente importante na gestão da disfagia. Nesse contexto, o profissional implementa adaptações na dieta, visando garantir a segurança durante o ato de engolir e adequação nutricional. Geralmente, isso envolve ajustes na consistência dos alimentos e orientações para assegurar que as necessidades dietéticas do paciente sejam devidamente atendidas.
Confira: Como gerenciar dificuldades alimentares em pacientes com Alzheimer: problemas e soluções.
Contribuição do fisioterapeuta
A fisioterapia, por sua vez, concentra-se em preservar a mobilidade e retardar o declínio funcional.
Exercícios personalizados e terapias direcionadas são fundamentais para manter a força muscular, o equilíbrio e a coordenação.
Para pacientes com Parkinson, por exemplo, técnicas específicas que focam na amplitude de movimento e na flexibilidade podem ajudar a contrabalançar a rigidez característica da doença, promovendo maior autonomia nas atividades diárias.
Fonoaudiologia e fisioterapia na recuperação pós-cirúrgica
Após procedimentos cirúrgicos, pacientes podem enfrentar uma série de dificuldades relacionadas à mobilidade e comunicação.
Essas dificuldades podem ser consequência direta da cirurgia ou surgir como efeitos secundários do período de recuperação.
Fonoaudiólogos e fisioterapeutas podem auxiliar os pacientes a superar esses obstáculos, possibilitando um retorno gradual e seguro às atividades diárias.
Atuação do fonoaudiólogo
Quando a cirurgia envolve regiões que impactam a fala e a deglutição (cabeça e pescoço, por exemplo), o suporte oferecido pela fonoaudiologia pode ser essencial.
A partir de uma avaliação detalhada do paciente, o fonoaudiólogo elabora um plano de tratamento individualizado.
Esse plano pode incluir exercícios específicos para fortalecer os músculos da fala, técnicas para melhorar a deglutição e, quando apropriado, o uso de recursos de comunicação suplementares para facilitar a comunicação.
Atuação do fisioterapeuta
Na recuperação pós-cirúrgica, a fisioterapia visa restaurar a mobilidade, fortalecer os músculos enfraquecidos e melhorar a coordenação e o equilíbrio. Exercícios de reabilitação são fundamentais para alcançar esses objetivos.
A fisioterapia também pode oferecer técnicas de manejo da dor e estratégias preventivas contra complicações, como formação de tecido cicatricial que pode limitar o movimento e provocar desconforto.
Veja também: Quais são os benefícios de uma abordagem colaborativa entre fonoaudiologia e geriatria.
As situações descritas acima ilustram a importância da colaboração entre fonoaudiólogos e fisioterapeutas na recuperação e melhoria da qualidade de vida dos pacientes.
Caso tenha dúvidas sobre as situações descritas ou necessite de orientações específicas para uma condição não mencionada, estamos à disposição.
Nosso objetivo é esclarecer suas dúvidas e fornecer o suporte necessário para garantir a abordagem mais adequada de tratamento para você ou para seus entes queridos.