A afasia é um distúrbio que compromete a capacidade de comunicação, surgindo como consequência de um dano cerebral.
Frequentemente, está relacionada a acidentes vasculares cerebrais (AVCs), mas suas causas podem incluir uma gama de outras questões neurológicas — como tumores cerebrais, aneurismas e certas formas de demência.
Embora possa acometer pessoas de todas as idades, é mais comum entre os idosos, devido à maior incidência de AVCs e outras condições médicas nessa faixa etária.
A extensão do comprometimento da linguagem em pessoas com afasia varia amplamente.
Alguns indivíduos podem enfrentar desafios leves, como dificuldades em lembrar palavras específicas.
Outros podem ter impedimentos mais severos, como a incapacidade de formar frases, ler, escrever ou entender o que é dito por outras pessoas.
Enquanto algumas dificuldades podem ser atenuadas com o tempo, outras podem persistir, representando um desafio contínuo para a pessoa afetada e seus entes queridos.
Confira: Guia completo para entender a Disfagia pós-AVC.
Sinais e sintomas comuns da afasia
A afasia pode se manifestar de maneiras distintas, dependendo de fatores como o local exato da lesão cerebral e necessidades do contexto de comunicação do indivíduo.
Essas diferenças se refletem na intensidade e no impacto dos sintomas, que, apesar de diversos, podem ser categorizados da seguinte forma:
Dificuldades na expressão verbal
- Problemas para encontrar as palavras certas.
- Uso de palavras sem sentido ou invenção de termos novos.
- Troca de sons nas palavras, afetando a clareza da fala.
- Discurso simplificado, caracterizado por frases curtas e às vezes incompletas.
- Falta de consciência dos próprios erros ao falar.
- Erros gramaticais e dificuldades na construção de frases coerentes.
- Produção de fala hesitante ou fragmentada.
Desafios na compreensão da linguagem falada
- Dificuldades em entender o que é dito.
- Problemas para interpretar linguagem não literal e expressões idiomáticas.
- Dificuldade em acompanhar diálogos rápidos ou extensos.
Problemas na expressão escrita
- Dificuldades para escrever, digitar ou copiar textos.
- Substituição equivocada de letras ou palavras.
- Escrita com gramática ou sintaxe incorretas.
- Texto composto por palavras soltas ou sem sentido.
Dificuldades na compreensão de textos
- Problemas para associar sons a letras.
- Dificuldade em reconhecer palavras ou compreender textos.
Veja também: Dificuldades de comunicação em idosos.
Diagnóstico da afasia
O fonoaudiólogo desempenha papel central no diagnóstico da afasia, utilizando uma série de testes específicos para mensurar os diferentes aspectos da comunicação. Realizando uma avaliação detalhada, o especialista busca identificar a presença, o tipo e a gravidade da condição.
Além do fonoaudiólogo, outros profissionais de saúde colaboram para o diagnóstico preciso.
Neurologistas, por exemplo, atuam na identificação da causa subjacente da afasia, muitas vezes utilizando exames de imagem cerebral — como ressonância magnética ou tomografia computadorizada — para observar áreas de dano ou alteração no cérebro.
A participação de psicólogos também pode ser importante, especialmente para abordar as repercussões emocionais e psicológicas da afasia no paciente.
Esse processo interdisciplinar garante uma visão abrangente do quadro clínico, facilitando o desenvolvimento de um plano de tratamento mais efetivo e personalizado.
Importância da fonoaudiologia na reabilitação da afasia
No tratamento da afasia, o fonoaudiólogo é fundamental e insubstituível, pois é o único profissional qualificado para conduzir a reabilitação da linguagem — um aspecto crítico no processo de recuperação dos pacientes afásicos.
Utilizando uma gama de estratégias terapêuticas adaptadas às necessidades individuais de cada paciente, o fonoaudiólogo trabalha para restaurar, na medida do possível, a capacidade de comunicação.
Diversas técnicas são empregadas na terapia fonoaudiológica, variando conforme o déficit principal do paciente.
O especialista pode utilizar recursos como pistas visuais, auditivas e táteis, exercícios de repetição, associação de palavras e imagens, métodos de reconhecimento e nomeação — todos visando estimular o processamento da linguagem e facilitar a formação de novas conexões neurais.
A prontidão no início do tratamento é um fator decisivo. Uma intervenção fonoaudiológica precoce — especialmente na “Golden Hour” (período logo após o diagnóstico) — aumenta significativamente as possibilidades de uma evolução positiva.
Em muitos casos, a afasia acompanha outras condições clínicas, o que pode demandar uma abordagem multidisciplinar.
Fisioterapeutas, por exemplo, podem ser necessários para abordar limitações de movimento, enquanto psicólogos e psiquiatras podem tratar aspectos emocionais e comportamentais, como agitação ou depressão.
No entanto, é importante enfatizar que a reabilitação da comunicação é uma área exclusiva do fonoaudiólogo.
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Impacto da afasia na vida do idoso e de seus familiares
Indivíduos com afasia enfrentam desafios significativos para se expressar e compreender os outros, o que resulta em uma alteração profunda de sua identidade e papel social.
Para idosos, em particular, a perda da capacidade de comunicação introduz uma condição de dependência que pode ser especialmente difícil, levando a sentimentos de frustração, isolamento e, em alguns casos, depressão.
Consequentemente, a afasia impacta não só a vida do paciente, mas também daqueles ao seu redor, redefinindo dinâmicas e interações dentro do núcleo familiar.
Nessa jornada de adaptação, enquanto a pessoa com afasia se ajusta à sua nova realidade, a família enfrenta seu próprio processo de aceitação e aprendizado para lidar com a situação.
É importante destacar que o suporte emocional, a participação ativa dos familiares e a busca conjunta por novas formas de conexão e interação são essenciais para o processo de recuperação.
Nesse contexto, a contribuição da fonoaudiologia é indispensável pois, além de focar na reabilitação da linguagem, o fonoaudiólogo também trabalha para promover a autonomia do paciente — orientando os familiares sobre as melhores práticas para se comunicar e interagir com o ente querido afásico.
Essa abordagem integrada tem o potencial de diminuir a ansiedade, fortalecer a confiança na comunicação e, por fim, melhorar a qualidade de vida tanto do paciente quanto de sua rede de apoio.
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