Entendendo e desmistificando os cuidados paliativos
Os cuidados paliativos são essenciais para garantir qualidade de vida e conforto aos pacientes.
Ao enfrentar doenças que ameaçam a vida, esses cuidados não se limitam ao estágio final da vida, mas abrangem um suporte contínuo e integral.
O que são cuidados paliativos e seus objetivos
Cuidados paliativos são uma abordagem de tratamento projetada para melhorar a qualidade de vida de pacientes com doenças graves.
Segundo a Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP), eles fornecem alívio da dor e outros sintomas angustiantes, enquanto oferecem suporte psicossocial e espiritual.
O foco está em proporcionar conforto e dignidade ao paciente, adaptados às suas necessidades específicas.
Esses cuidados podem incluir intervenções médicas como hipodermóclise e cirurgia paliativa, além de apoio de uma equipe multiprofissional.
Os cuidados paliativos são oferecidos em conjunto com outros tratamentos curativos ou para administração de doenças avançadas.
Desmistificando os cuidados paliativos: uma abordagem ativa de dignidade e conforto
Muitas vezes associados apenas ao fim da vida, os cuidados paliativos são, na verdade, uma abordagem contínua para qualquer estágio de uma doença grave.
Eles se concentram em respeito, dignidade e conforto para o paciente e, também, para sua família. A ideia de que esses cuidados apenas prolongam o sofrimento é um equívoco comum.
Os cuidados paliativos começam desde o diagnóstico e seguem paralelamente a tratamentos curativos.
Segundo o site Paliar, eles englobam estratégias para ajudar na dor emocional, social e espiritual.
Ao contrário do mito, esses cuidados não significam desistir; em vez disso, são uma demonstração de apoio genuíno e abrangente.
A fonoaudiologia nos cuidados paliativos do idoso
A fonoaudiologia desempenha um papel essencial nos cuidados paliativos do idoso, garantindo que as dificuldades de comunicação e alimentação sejam abordadas de forma eficaz.
Alimentação e comunicação em cuidados paliativos
Em cuidados paliativos, a alimentação por via oral pode ser desafiadora para muitos idosos.
Os fonoaudiólogos trabalham para otimizar essa alimentação de maneira segura, visando reduzir os riscos de aspiração.
Em alguns casos, a recomendação de vias alternativas pode ser recusada pelos pacientes, destacando a importância de adaptações individualizadas.
Além da alimentação, a comunicação também é uma área crítica.
A intervenção fonoaudiológica pode incluir exercícios de reabilitação da voz e auxílio para superar dificuldades de comunicação causadas por doenças crônicas.
Dessa forma, os profissionais buscam proporcionar uma interação social mais satisfatória para o idoso.
Leia também: Quais são os benefícios de uma abordagem colaborativa entre fonoaudiologia e geriatria?
Avaliação da deglutição e comunicação em estágios avançados
Durante os estágios avançados de doenças crônicas, a avaliação da deglutição se torna vital.
A fonoaudióloga realiza minuciosas análises para identificar riscos e criar estratégias que permitam uma alimentação mais segura.
Isso pode envolver adaptações na textura dos alimentos ou ajustes na posição durante as refeições.
A comunicação, nesta fase, pode ser prejudicada por diversas condições clínicas.
Ferramentas como quadros de comunicação e dispositivos eletrônicos de fala auxiliam na compreensão e expressão dos idosos, proporcionando-lhes meios de comunicar suas necessidades e preferências.
Estratégias fonoaudiológicas para promover dignidade e bem-estar
Estratégias humanizadas são fundamentais para promover dignidade e bem-estar nos cuidados paliativos dos idosos.
Planos de atendimento são elaborados de forma colaborativa, considerando as preferências e o conforto do paciente.
O uso de abordagens individualizadas e tecnicamente eficazes ajuda a minimizar desconfortos e oferece suporte emocional.
Para idosos com dificuldades severas, a implementação de métodos de comunicação não-verbal pode ser crucial.
Estas intervenções ampliam a capacidade de expressão dos pacientes e melhoram sua qualidade de vida.
O compromisso da fonoaudiologia em cuidados paliativos é proporcionar aos idosos maneiras dignas de manter suas interações e rotinas cotidianas.
Desafios alimentares em cuidados paliativos geriátricos
Abordar a alimentação em cuidados paliativos geriátricos envolve considerar como manter a via oral, explorar alternativas de alimentação e preservar o prazer durante as refeições.
O foco deve ser fornecer nutrição adequada enquanto se respeita a qualidade de vida dos idosos.
Manutenção da via oral: prós e contras
A manutenção da via oral nos cuidados paliativos ao idoso pode oferecer conforto emocional e manter a independência do paciente.
Incentivar a ingestão oral possibilita que façam escolhas alimentares, reforçando o vínculo com a própria identidade.
Entretanto, há desafios consideráveis como o risco de aspiração de alimentos e a diminuição da capacidade de deglutição, que podem ser preocupações significativas, pois podem colocar em risco a nutrição e uso correto das medicações.
Avaliações contínuas são necessárias para equilibrar os benefícios e os riscos da alimentação oral. Além disso, é importante verificar a interação com o paciente e seus familiares e/ou cuidadores. Isso garante que todos compreendam o plano de cuidados, que inclui os riscos e benefícios, promovendo o compartilhamento de responsabilidades e mantendo o foco no bem-estar do paciente.
A colaboração com nutricionistas e outros profissionais de saúde ajudará a desenvolver um plano alimentar personalizado.
Conheça sobre: Parkinson e dificuldades na alimentação
Alternativas de alimentação em cuidados paliativos
Quando a via oral não é viável, alternativas como a nutrição enteral e parenteral são consideradas.
A nutrição enteral é frequentemente utilizada; no entanto, diversos estudos apontam que a via alternativa de alimentação, seja por sonda nasoenteral (SNE) ou gastrostomia, não diminui o risco de aspiração e quadros infecciosos pulmonares, não aumenta a expectativa de vida e não melhora o bem-estar.
É importante ressaltar que cada caso deve ser avaliado individualmente para entender quais são as demandas prioritárias do paciente e, consequentemente, do tratamento – o que é conhecido como o Princípio da Proporcionalidade.
Conforme estudos recentes, a nutrição parenteral é uma opção, mas deve ser reservada para circunstâncias específicas devido ao seu invasivo processo.
Essas alternativas devem ser pesadas cuidadosamente em relação aos benefícios esperados, considerando o conforto do paciente.
Também surgem discussões sobre a adequação de intervenções invasivas no final da vida, destacando a importância de que as decisões sejam informadas e consentidas pelos pacientes e suas famílias.
Preservando o prazer da alimentação na terceira idade
Mesmo em cuidados paliativos, manter o prazer alimentar pode melhorar a qualidade de vida.
Adaptar as refeições às preferências pessoais dos idosos e aos seus desejos pode trazer conforto emocional.
As refeições devem ser agradáveis e relaxantes, com ênfase no sabor e na apresentação.
Comida é frequentemente associada a memórias afetivas e sociais, e a preservação dessas experiências pode ser valiosa para os idosos.
Ajustar as texturas e temperaturas pode ajudar a garantir uma experiência agradável, mesmo com restrições alimentares.
Celebrar marcos pessoais com refeições especiais pode proporcionar prazer contínuo, ao mesmo tempo em que respeita a dignidade e a individualidade do paciente.
Gerenciamento da alimentação: o equilíbrio entre a segurança e qualidade de vida nos idosos
Como já mencionado, a alimentação desempenha um papel fundamental na vida dos idosos em cuidados paliativos, indo muito além da simples nutrição.
Assim, a avaliação fonoaudiológica é essencial para determinar o grau de dificuldade na deglutição em pacientes geriátricos. Com base em avaliações detalhadas, a fonoaudióloga recomenda adaptações na alimentação para esses pacientes.
Nesse contexto, há duas abordagens importantes que devem ser consideradas de maneira personalizada, levando em conta as necessidades individuais de cada paciente:
- A dieta de conforto para manutenção da via oral e
- A oferta via oral por prazer em pacientes que utilizam vias alternativas de alimentação.
Dieta de conforto: mantendo a via oral com dignidade
Ao considerar a manutenção da via oral de alimentação em pacientes idosos em cuidados paliativos, a dieta de conforto se destaca como uma opção valiosa.
Esta abordagem visa proporcionar prazer e satisfação durante as refeições, mesmo em situações de limitações funcionais.
A dieta de conforto envolve:
- Adaptação de texturas: alimentos macios e de fácil deglutição;
- Temperaturas adequadas: evitando extremos que possam causar desconforto;
- Preferências individuais: respeitando os gostos e memórias afetivas do paciente;
- Porções menores e frequentes: facilitando a ingestão e a digestão.
A possibilidade de implementação de uma dieta de conforto viabiliza por mais tempo a manutenção da via oral de alimentação, preservando a autonomia e a dignidade do paciente idoso.
Saiba mais: Como escolher um cuidador de idoso: 6 dicas para selecionar um profissional de confiança
Oferta via oral por prazer: a alimentação além da nutrição
Quando o paciente utiliza uma via alternativa de alimentação (como sonda nasogástrica ou gastrostomia), o acompanhamento fonoaudiológico pode propiciar a oferta via oral por prazer.
Esta abordagem tem benefícios para o bem-estar emocional e social do paciente idoso em cuidados paliativos.
Aspectos importantes a considerar na oferta via oral por prazer:
- Avaliação criteriosa: identificar riscos e capacidades residuais de deglutição;
- Seleção cuidadosa de alimentos: consistência e volume adequados à condição do paciente;
- Técnicas de estimulação sensorial: potencializando o prazer da experiência alimentar;
- Monitoramento constante: observando sinais de fadiga ou dificuldades.
A oferta via oral por prazer, quando realizada com segurança, pode proporcionar momentos de alegria e conexão social, aumentando a qualidade de vida do idoso em cuidados paliativos.
O cuidado no equilíbrio na alimentação nos cuidados paliativos
O gerenciamento da alimentação em idosos sob cuidados paliativos requer um equilíbrio criterioso entre segurança e qualidade de vida. É necessário considerar:
- Riscos de aspiração e pneumonia aspirativa;
- Estado nutricional e hidratação;
- Conforto e satisfação do paciente;
- Aspectos psicossociais da alimentação.
Leitura complementar: A jornada do cuidado: respeitando a história e os desejos do paciente em cuidados paliativos
A fonoaudióloga tem a importante tarefa de orientar pacientes, familiares e a equipe multidisciplinar sobre estratégias que maximizem a segurança sem comprometer o prazer associado à alimentação.