Como gerenciar dificuldades alimentares em pacientes com Alzheimer: problemas e soluções

Idosos com Alzheimer podem ter dificuldade na hora de comer

A doença de Alzheimer não se limita a afetar a memória e a cognição dos pacientes, mas também compromete significativamente a capacidade de se alimentar de forma adequada.

Obstáculos como dificuldades para mastigar e engolir, alterações no apetite e problemas de coordenação motora, por exemplo, são frequentemente enfrentados por esses indivíduos.

Neste artigo, apresentamos estratégias e sugestões práticas que familiares e cuidadores podem implementar para auxiliar pessoas com Alzheimer a superar essas barreiras.

Como a doença de Alzheimer afeta a mastigação e a deglutição

À medida que a doença de Alzheimer progride, ações que antes eram simples e automáticas (como mastigar e engolir alimentos) podem se tornar desafiadoras para o paciente.

Essas dificuldades podem se manifestar de diversas maneiras:

  • O ato de comer pode se tornar uma tarefa exaustiva, devido a um aumento na fadiga.
  • Alguns indivíduos podem se esquecer de mastigar.
  • Certos alimentos, especialmente aqueles mais duros ou secos, podem parecer mais difíceis de mastigar ou engolir.
  • Algumas pessoas podem ter a tendência de mastigar continuamente ou reter a comida na boca sem engolir.
  • Dificuldades para engolir (condição conhecida como disfagia) podem se tornar mais frequentes, levando a problemas como perda de peso, desnutrição e desidratação.

Estratégias para lidar com as dificuldades de mastigação e deglutição em pacientes com Alzheimer

Auxilio com Fonoaudióloga nas estratégias na alimentação com pacientes com Alzheimer
A Fonoaudióloga especialista em Gerontologia é capacitada para orientar familiares e cuidadores em estratégias personalizadas para lidarem com as dificuldades na alimentação de idosos com Alzheimer.
  • Antes de apresentar qualquer comida ou bebida, certifique-se de que o paciente esteja completamente desperto, acomodado confortavelmente e sentado em posição adequada.
  • Procure criar um ambiente calmo e livre de distrações durante as refeições. Uma atmosfera tranquila pode ajudar o indivíduo a se concentrar no processo de alimentação, minimizando eventuais dificuldades.
  • Priorize alimentos de consistência mais suave e macia, que sejam fáceis de mastigar e engolir. Pratos como omeletes, purês e sopas podem ser alternativas interessantes. Cortar alimentos em pedaços menores também pode ser um recurso útil.
  • Incentive o paciente a adotar um ritmo mais lento durante as refeições. Se necessário, gentilmente, lembre-o de mastigar e engolir.
  • Se a pessoa utiliza próteses dentárias, certifique-se de que estejam bem ajustadas e confortáveis.
  • Considere a possibilidade de consultar um fonoaudiólogo especializado em disfagia. O profissional é capaz de fornecer orientações personalizadas e estratégias adaptadas para contornar esses problemas. Além disso, o fonoaudiólogo pode instruir o paciente a realizar exercícios específicos, destinados a fortalecer os músculos envolvidos na mastigação e deglutição.




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Como a doença de Alzheimer afeta a coordenação motora durante a alimentação

A doença de Alzheimer pode comprometer áreas do cérebro responsáveis pelo controle motor, resultando em problemas que afetam diversas atividades do dia a dia — inclusive a alimentação.

Tais dificuldades podem variar desde o manuseio de utensílios até a realização de movimentos precisos — como levar a comida à boca e sincronizar o ato de abrir e fechar a boca para mastigar e engolir.

Estratégias para lidar com problemas de coordenação motora durante a alimentação em pacientes com Alzheimer

  • Adapte os utensílios utilizados nas refeições. Talheres com cabos grossos e antiderrapantes, por exemplo, são mais fáceis de segurar e manusear do que os tradicionais.
  • Experimente acompanhar a pessoa durante as refeições, comendo devagar, junto com ela. Às vezes, a demonstração do ato de comer pode ajudar o paciente a imitar e compreender o que precisa fazer.
  • É importante encorajar a pessoa a comer de forma independente pelo maior tempo possível. Entretanto, é igualmente importante ser paciente e compreender que a alimentação pode demorar mais do que o habitual.
  • Caso a pessoa não consiga mais comer de forma autônoma, pode ser necessário fornecer assistência direta. Em algumas situações, a assistência se limita a ajudar o paciente a pegar os alimentos com os talheres. Já em estágios avançados de Alzheimer, pode ser necessário alimentar a pessoa diretamente (sempre com muito respeito e calma).
Definir horários para alimentação de pacientes idosos com alzheimer
Ter horários fixos para as refeições ajudam o paciente com Alzheimer a se alimentar e hidratar de maneira mais adequada, além de proporcionar uma rotina, que pode ser saudável ao idoso.

Impacto do Alzheimer quanto à memória das refeições

Pacientes com Alzheimer podem enfrentar dificuldades em lembrar de comer ou beber, ou mesmo não conseguir recordar se já se alimentaram — resultando em refeições negligenciadas ou consumo excessivo de alimentos.

Adicionalmente, devido à demência, a habilidade de tomar decisões pode ser prejudicada, causando indecisão na seleção de alimentos e bebidas. Esse fator, por sua vez, pode contribuir para uma redução na ingestão total de nutrientes.

Estratégias que podem ajudar pacientes com Alzheimer a se alimentar e hidratar adequadamente

  • Estabeleça uma rotina alimentar com horários fixos para refeições e lanches.
  • Forneça lembretes, como alarmes sonoros, que ajudem o indivíduo a recordar de comer e ingerir líquidos.
  • Prepare pratos visualmente atraentes e com aromas agradáveis, a fim de estimular o apetite.
  • Mantenha alimentos e bebidas saudáveis em locais visíveis e facilmente acessíveis, incentivando a pessoa a lembrar de que precisa se alimentar e se hidratar.

Relação entre Alzheimer e alterações nas preferências alimentares

As alterações no paladar e olfato são comuns à medida que as pessoas envelhecem — e esse fenômeno pode se intensificar em pacientes com Alzheimer e outras formas de demência.

Tais mudanças podem impactar na percepção do sabor dos alimentos, fazendo com que o idoso comece preferir alimentos com sabores mais fortes, sejam eles doces ou salgados.

Também é importante considerar que algumas pessoas com Alzheimer podem exibir comportamentos alimentares incomuns, influenciados por uma variedade de fatores (incluindo alterações sensoriais, aspectos comportamentais, emocionais e ambientais).

Alzheimer Incentivar a independência do idoso
É importante incentivar, pelo maior tempo possível, a independência do paciente com Alzheimer na hora de comer.

Estratégias úteis para gerenciamento de mudanças nas preferências alimentares de pacientes com Alzheimer

  • Adapte a abordagem alimentar de acordo com as preferências e necessidades individuais do idoso, garantindo uma nutrição adequada enquanto respeita suas escolhas alimentares.
  • Adicione temperos naturais e ervas para realçar o sabor dos alimentos e ofereça frutas frescas para satisfazer o desejo de doces.
  • Considere a textura e a facilidade de ingestão dos alimentos, especialmente se houver problemas de deglutição.
  • Busque auxílio de um fonoaudiólogo para aprimorar a comunicação e ter melhor entendimento das necessidades da pessoa com Alzheimer.

A doença de Alzheimer pode trazer uma série de desafios para idosos e seus cuidadores, incluindo dificuldades alimentares.

Contudo, ao adotar estratégias de gerenciamento apropriadas, é possível minimizar o impacto dessas mudanças e melhorar a qualidade de vida da pessoa com Alzheimer.

O envolvimento de um fonoaudiólogo especialista em gerontologia pode ser particularmente útil, pois esse profissional é treinado para entender e abordar as complexidades únicas do envelhecimento.

Acima de tudo, tenha em mente que cada pessoa merece cuidados que respeitem sua individualidade e dignidade. Seja paciente, compreensivo e não hesite em buscar ajuda profissional quando necessário.

Foto dos Post do Blog da Flávia Augusta Fonoaudióloga

Flávia Augusta

Fonoaudióloga

Especialista em atendimentos fonoaudiológicos para idosos
relacionados à alimentação e comunicação.

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Este post tem 4 comentários

  1. Denise Scattone

    Como agir se a paciente não saber mais mastigar e engolir . Fica por muito tempo a comida na boca .
    Um quadro de alzheimer avançado

    1. Fga Flávia Augusta

      Olá Denise. A progressão das doenças neurodegenerativas como a Demência da Doença de Alzheimer, pode fazer com haja perda da sensibilidade na língua e da percepção dentro da boca; pode ainda trazer perda de força e mobilidade na musculatura responsável pela deglutição e, em casos, mais avançados pode haver uma dificuldade dos comandos do cérebro para deglutir chegarem até as estruturas responsáveis por executar a função. É fundamental cuidar disso para que o idoso não perca a capacidade de engolir e para evitar quadros de pneumonias em função de engasgos durante as refeições. O Fonoaudiólogo especializado em Gerontologia é o profissional que pode ajudar nestes aspectos e tem diversas estratégias disponíveis para isso – desde exercícios, Fotobiomodulação, até ajustes na consistência dos alimentos e orientações específicas para a hora de oferecer a alimentação.
      Abraço.

  2. Marília Matilde da Silva lagares

    Muito bom e ajuda nos a lidar com as dificuldades do ouzaime

    1. Fga Flávia Augusta

      Olá Marilia. É realmente desafiador lidar com as mudanças e limitações que a Demência da Doença de Alzheimer pode trazer. O mais importante é procurar os cuidados de profissionais capacitados para o atendimento de idosos. O médico Geriatra é peça fundamental nos cuidados de pacientes com doenças neurodegenerativas e o Fonoaudiólogo especialista em Gerontologia pode ajudar em casos de dificuldades para engolir, as disfagias, que muitas vezes se manifestam diante da progressão do Alzheimer.
      Abraço.

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