Parkinson e dificuldades na alimentação

Problemas na alimentação no Parkinson

A doença de Parkinson é frequentemente reconhecida por seus sintomas motores, como tremores e rigidez. No entanto, suas implicações se estendem a áreas menos óbvias da vida cotidiana, incluindo a nutrição.

Conforme a doença progride, o simples ato de se alimentar pode se transformar em uma tarefa árdua, repleta de ansiedade e desconforto.

Além de comprometer a qualidade de vida, essas dificuldades alimentares também acarretam graves riscos à saúde, tais como desnutrição, perda de peso e risco de aspiração pulmonar — fatores que podem agravar o curso da doença.

Neste artigo, abordaremos os desafios mais comuns entre Parkinson e dificuldades na alimentação e ofereceremos orientações práticas para gerenciá-los.

Parkinson e problemas de deglutição

Deglutição é o processo pelo qual o alimento ou líquido é transportado da boca até o estômago.

Problemas de deglutição, também conhecidos como disfagia, ocorrem quando esse processo é interrompido ou dificultado. Essa situação, por sua vez, pode resultar em uma série de complicações, entre as quais se destacam a desnutrição e a desidratação.

Outro risco é a aspiração pulmonar, que acontece quando partículas de alimento ou gotas de líquido entram nas vias respiratórias, podendo levar a infecções pulmonares graves ou pneumonia.

Por que pessoas com Parkinson podem enfrentar o problema?

A doença de Parkinson afeta os músculos e o sistema nervoso, comprometendo a coordenação motora necessária para uma deglutição eficaz.

Tremores, rigidez e bradicinesia (lentidão de movimentos) podem interferir no controle muscular da boca e da garganta, tornando o processo de deglutição mais difícil.

Sinais de alerta entre Parkinson e dificuldades na alimentação

  • Dificuldade em engolir alimentos, líquidos e/ou comprimidos.
  • Tosse ou engasgo durante as refeições.
  • Sensação de alimento “preso” na garganta.
  • Dor ao engolir.
  • Perda de peso inexplicada.
  • Mudança na qualidade da voz.
  • Regurgitação.
fazer avaliação com uma fonoaudióloga para ter um plano para o idoso com Parkinson e dificuldades na alimentaçào
Ajustes simples na alimentação podem trazer resultados significativos. A Fonoaudióloga auxilia em estratégias individualizadas que levarão em conta o idoso, seus hábitos e ambiente.

Estratégias e orientações para o Parkinson e dificuldades na alimentação

Converse com um fonoaudiólogo

A primeira e mais importante medida é buscar a avaliação de um fonoaudiólogo especializado.

O profissional pode realizar um diagnóstico preciso e elaborar um plano de tratamento individualizado, que pode incluir exercícios específicos e recomendações alimentares.

Promova adaptações na dieta

Ajustes simples na forma como você se alimenta podem fazer uma diferença significativa na gestão da disfagia. Por exemplo, dividir as refeições em porções menores e mais frequentes ao longo do dia pode aliviar o esforço necessário para comer, reduzindo o risco de engasgos e facilitando a digestão.

Outras táticas úteis incluem cozinhar os alimentos até que atinjam uma consistência macia (ou triturá-los) e sempre comer devagar, dedicando tempo para mastigar bem cada pedaço.


Leitura relacionada: Como gerenciar dificuldades alimentares em pacientes com Alzheimer: problemas e soluções.


Observe a postura

Manter uma postura ereta durante as refeições pode minimizar o risco de aspiração.

Evitar conversas enquanto come e focar na tarefa de se alimentar também contribui para uma deglutição mais segura.

Gerencie seus medicamentos

Se a disfagia está complicando a ingestão de medicamentos prescritos para o Parkinson, converse com seu médico para averiguar alternativas.

Existem diferentes formulações, que podem ser mais fáceis de engolir, e seu médico também pode orientá-lo sobre técnicas seguras para dividir comprimidos ou outras estratégias para facilitar a administração do medicamento.

Parkinson e alterações sensoriais no olfato e paladar

A doença de Parkinson pode ter um impacto substancial nos sentidos, particularmente no olfato e no paladar.

Curiosamente, a redução na capacidade olfativa pode se manifestar como um dos primeiros sinais da doença, muitas vezes precedendo os sintomas motores.

Tal diminuição sensorial pode ter um efeito cascata sobre o paladar, levando a mudanças nas preferências alimentares e à perda de apetite.

Dada a escassez de tratamentos eficazes para essas alterações sensoriais, é importante explorar adaptações na dieta e outras estratégias comportamentais para melhorar a qualidade da alimentação.

Por que pessoas com Parkinson podem enfrentar o problema?

Embora a causa exata das alterações sensoriais em pessoas com Parkinson ainda seja tema de investigação, estudos recentes apontam para mudanças em áreas específicas do cérebro que lidam com o olfato.

Essas mudanças podem influenciar tanto o paladar quanto o apetite, levando a uma experiência alimentar menos prazerosa.

Sinais de alerta para a dificuldade alimentar

Se você notar uma diminuição no apetite, uma aversão a alimentos que antes eram agradáveis, ou uma tendência a adicionar excesso de sal ou açúcar para tornar a comida mais palatável, esses podem ser sinais de alterações sensoriais.

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A Doença de Parkison pode trazer alterações no olfato e paladar, que podem impactar na qualidade da alimentação do idoso.

Estratégias de gerenciamento para Parkinson e dificuldades na alimentação

Enriqueça os sabores com especiarias

Utilizar uma variedade de temperos como orégano, tomilho, sálvia, canela e cravo pode realçar o sabor dos alimentos.

Molhos com sabores intensos, como barbecue ou pasta de alho, também podem tornar a comida mais apetitosa.

Diversifique sua dieta

A introdução de novos alimentos e sabores em sua dieta pode compensar a perda de sensibilidade no paladar, tornando a refeição mais agradável.

Dê atenção ao processo de cozimento

A qualidade da comida também depende do modo como ela é preparada. Estabelecer alarmes ou lembretes pode ajudá-lo a monitorar o cozimento e evitar que os alimentos queimem, preservando assim seu sabor e textura.

Parkinson e perda de destreza manual na alimentação

A destreza manual refere-se à habilidade de usar as mãos de forma eficaz para realizar tarefas.

Em pessoas com Parkinson, essa habilidade pode ser comprometida, dificultando atividades como segurar talheres ou levá-los à boca.

Por que pessoas com Parkinson podem enfrentar o problema?

A doença de Parkinson afeta o sistema nervoso central, resultando em problemas de coordenação e controle motor.

Por consequência, movimentos finos e precisos (tais como os necessários para manusear utensílios durante as refeições) se tornam mais difíceis de executar.

Sinais de alerta entre o Parkinson e dificuldade na alimentação

  • Dificuldades para segurar talheres e copos.
  • Derramamento frequente de alimentos e líquidos.
  • Diminuição na força ao segurar utensílios.
  • Problemas em coordenar o ato de cortar alimentos ou em levar o alimento à boca de forma estável.
  • Necessidade de auxílio para comer.

Estratégias de gerenciamento

Invista em utensílios adaptados

Utilizar talheres com cabos mais grossos ou texturizados pode oferecer uma melhor aderência e controle durante a alimentação.

Também existem utensílios com ângulos ajustáveis e pratos com bordas elevadas que podem facilitar o processo de levar o alimento à boca.

Faça ajustes no ambiente

Opte por uma mesa estável, assegure-se de que a iluminação seja adequada e minimize distrações visuais e sonoras durante as refeições. São medidas simples, mas eficazes, que ajudam a criar um ambiente propício para a concentração e o controle motor.


Leia também: Fonoaudiologia domiciliar para idosos: benefícios do atendimento fonoaudiológico home care para a terceira idade.


Foto dos Post do Blog da Flávia Augusta Fonoaudióloga

Flávia Augusta

Fonoaudióloga

Especialista em atendimentos fonoaudiológicos para idosos
relacionados à alimentação e comunicação.

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Este post tem 2 comentários

  1. Elizabete

    Eu tenho uma mãe que sofre de mal de packssso a maís de 10anos e hoje e acamada com essa doença! Gostaria de saber como faço para dar melhoras de vidas pra ela.

    1. Fga Flávia Augusta

      Olá Elizabete. Obrigada pela sua pergunta. As doenças evolutivas vão trazendo a necessidade gradativa de acompanhamento. No caso do Doença de Parkinson estar atenta à um bom acompanhamento com o médico Geriatra é fundamental. A Fisioterapia pode ajudar a retardar as perdas e a Fonoaudiologia pode somar no sentido de garantir que a comunicação e a alimentação sejam preservadas pelo máximo de tempo possível. Esses cuidados somados à sua atenção certamente trariam um ganho na qualidade de vida da sua mãe.

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